sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Nossos Tons - Artigos e Notícias do Mundo Gay: Nigéria: Três homens são linchados "por fazer sexo...

Nossos Tons - Artigos e Notícias do Mundo Gay: Nigéria: Três homens são linchados "por fazer sexo...: O fato aconteceu na segunda-feira (14). De acordo com relatos de testemunhas, três homens de Ekwe, uma aldeia próxima à Umuka em Njaba n...

Visibilidade Social, Transfobia e Educação Para a Diversidade

(Letícia Lanz, 17-01-2012) Visibilidade Social é um dos pontos mais contraditórios na vida de uma pessoa transgênera. Ser vist@ e ser reconhecid@ publicamente como alguém do gênero oposto é, ao mesmo tempo, o que a gente mais quer e o que a gente mais teme.
O problema é que visibilidade implica necessariamente em exposição direta ao “olho do outro”, com todas as implicações e, principalmente, as “implicâncias”que possam advir deste encontro. Por mais que eu me esforce para ser, parecer e atuar como membro do gênero oposto ao meu, quem atesta o meu êxito ou o meu fracasso nesse empreendimento é o outro – não eu.
Vem daí a verdadeira obsessão de “passar” – e de tornar-se cada vez mais passável – mote repetido à exaustão ao longo da vida de uma pessoa transgênera. O paradoxo é que, para tornar-se alguém “perfeitamente passável”, é preciso abdicar inteiramente de qualquer visibilidade social como pessoa transgênera. A pessoa deve diluir-se no contexto geral da sociedade, sem deixar à mostra qualquer comportamento ou atributo que “chame a atenção” dos demais, levando-os a colocar em dúvida a identidade de gênero com a qual ela está se apresentando em público. Por regra, quanto menor a visibilidade social como pessoa transgênera, maior a chance dela “passar” como membro do gênero oposto. O outro não pode identificar nenhum vestígio de transgeneridade na “farsa de gênero” que está sendo perpetrada diante dos seus olhos…
Mas da mesma forma que pode ser ludibriado, o temido “olhar do outro” também pode descobrir e denunciar qualquer coisa “fora de ordem” na expressão de gênero de uma pessoa dentro do seu campo de visão. E todos sabemos que não existe nada que mais se destaque em qualquer local ou ambiente do que uma pessoa transgênera que não esteja conseguindo “passar”. É exatamente para não ter que se submeter ao rígido e implacável julgamento estético-político-cultural do “olhar do outro” que a esmagadora maioria da população transgênera corre léguas de qualquer tipo de visibilidade social, passando a vida inteira devidamente trancada “no armário”.
Dessa forma, a mesma visibilidade social que leva uma parcela de pessoas transgêneras à verdadeira obsessão de “passarem incógnitas”, leva uma outra parcela, por sinal a maior de todas dentro do mundo transgênero, a permanecer no armário por tempo indeterminado, apavorada de não conseguir “enganar” o “olhar do outro” numa eventual tentativa de expressar publicamente sua identidade “oculta”.
Visibilidade social é, portanto, uma questão conflituosa e problemática, tanto para as pessoas transgêneras que conseguem “passar” perfeitamente no gênero oposto quanto para quem se julga incapaz de conseguir tal “proeza cênica”. Assim, por causa da visibilidade social, uns se esmeram o quanto podem na arte da transformação tentando dissolver-se por completo na multidão, enquanto outros fazem de tudo para se esconder, evitando sistematicamente qualquer forma de expressão pública das suas identidades transgêneras.
Para que aumentar a visibilidade social se, para passar, é preciso que a pessoa renuncie à sua identidade transgênera, assumindo total e completamente a identidade do gênero que pretende expressar?
A quem, afinal, interessaria um aumento da “visibilidade das pessoas transgêneras” ou, dito de outra forma, a redução drástica da sua “invisibilidade” social, se elas próprias são as primeiras a fugir dessa visibilidade como o capeta corre da cruz?
Visibilidade (ou invisibilidade) social não pode ser tomada, de maneira nenhuma, como núcleo representativo das demandas transgêneras, como pretendem muitos grupos ativistas, focados basicamente na negociação de políticas públicas capazes de atender a população trans nas áreas de saúde, educação e emprego.
O que realmente afeta a vida das pessoas transgêneras não é a sua visibilidade (ou invisibilidade) social, mas a permanência e a predominância ostensiva e hegemônica do sistema binário de gêneros. Essa é a verdadeira causa de todos os tormentos vividos pela população transgênera, fonte inequívoca de preconceito, intolerância, discriminação, exclusão e violência social, política, econômica e psicológica que afligem tod@s aquel@s que se desviam do modelo oficial masculino-feminino.
O sistema binário de gênero é que é o verdadeiro mecanismo opressor, não a falta de visibilidade ou a invisibilidade, voluntária ou compulsória que, infelizmente, foram se convertendo em marcas registradas do comportamento transgênero. Somente através do combate sistemático ao binarismo de gênero será possível assegurar, a longo prazo, a maior visibilidade social para as pessoas transgêneras que, finalmente, poderão manifestar livremente suas expressões de gênero, e orgulhar-se delas, por mais discrepantes que sejam dos estereótipos de homem e mulher vendidos pelo modelo oficial.
Em um mundo onde todos devem estar necessariamente enquadrados em um e somente um dos dois gêneros oficiais – masculino ou feminino – é um desafio pra lá de grande alguém apresentar-se publicamente como pessoa transgênera, uma categoria que nem existe oficialmente e que continua “abominável” . Apesar dos avanços na aceitação da diversidade de gênero, ainda continua vivo o milenar estigma sobre pessoas cujas expressões de gênero diferem do modelo oficial. A transfobia é a mais grave manifestação da capacidade de ódio e violência derivada desse estigma.
Manifesta-se na forma de discriminação, segregação, intolerância, exclusão e violência – real ou simbólica – de pessoas transgêneras, em casa e na rua, tanto nas sua relações interpessoais e grupais (hostilidade em locais públicos, incompreensão doméstica, isolamento no trabalho, etc), quanto na legitimação e legalização de seus direitos (tratamento amplamente igual às perante as instituições, legalização do direito da escolha do gênero no ato de emissão de documentos oficiais, exercício pleno da liberdade de expressão assegurada pela constituição, etc).
Muito arraigada e amplamente difundida numa sociedade machista como a nossa, a transfobia pode aumentar muito com o incentivo ao aumento da visibilidade transgênera, se essa maior exposição pública não for precedida de um programa robusto voltado para a educação da população para o respeito à diferença e à diversidade de gênero.  Esse sim, deve constituir o foco principal do nosso ativismo trans

Trans Day NIGS 2012 :: Sou transhomem... e dai?

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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013